Ruído Manipulativo


Ruído Manipulativo

O ruído que se ouve durante uma manipulação é geralmente apreendido pelos pacientes pela primeira vez. O medo provocado pode levá-los a verdadeiras reações de pânico caso as devidas precauções não sejam tomadas. Deve-se explicar brevemente em que consiste esse fenômeno acústico. De fato, para o grande público, isso ainda é assimilado a um “colocar no lugar” do “deslizamento vertebral” ou da articulação “deslocada”, ao passo que se trata de um fenômeno sonoro natural que acompanha simplesmente a decoaptação das superfícies articulares surgido durante a impulsão manipulativa.

Mecanismo

A compreensão científica desse ruído cumpriu várias etapas.

Parece que o primeiro a ter a idéia de estabelecer relação entre as manobras articulares dos curandeiros e o ruído foi Thomas Marlin (1932). Em artigo publicado na revista The Lancet, dedicado ao bone-setting, ele forneceu a explicação mais razoável: a da “formação de um vazio durante a separação das superfícies articulares” e da repentina irrupção sonora de gás nesse vazio. Marlin também observou o tempo de latência necessário à reprodução do fenômeno.

Por sua vez, Nordheim estabeleceu, em 1938, relação formal entre o gesto manipulativo e o ruído articular.

Foi preciso, porém, esperar até o ano de 1947. Os trabalhos de dois anatomistas ingleses – J.B. Roston e R.W. Haines- disponibilizaram autêntica explicação científica. Com a ajuda de um material confiável de verificação e com tomadas radiográficas sucessivas, esses autores conseguiram, de fato, a prova da separação brusca e sonora das superfícies articulares metacarpofalangicas quando era aplicada tração superior a 7Kg. Também  verificaram a impossibilidade de reproduzir esse ruído nos 20 minutos seguintes, pois a articulação não reagia da mesma forma nesse período.

Em 1971, Unsworth, Downson e Wriht confirmariam essas conclusões, determinando que o ruído aparecia não no momento da formação das bolhas de gás, mas 1/100 de segundos depois, durante seu estalo.

Significação

Ao nível da coluna, o ruído provém das articulações vertebrais posteriores.

Em nenhum caso, sua ocorrência permite garantir a precisão do gesto manipulativo no plano a ser tratado, podendo a ação da manipulação situar-se em um plano sadio, dois ou três planos acima ou abaixo. Pode também ocorrer desde o início da tensão, antes de qualquer impulsão.

Sua ausência não permite igualmente concluir a ineficácia da manobra. Unsworth, Downson e Wriht ressaltaram, com efeito, que certo número de articulações manipuladas não produziam ruídos. Esse fato era atribuído a propriedades mecânicas particulares ou a fenômenos inflamatórios.

No nível da articulação sacroilíaca, o ruído é abafado e nitidamente diferente daquele das articulações posteriores

Referências

Le Corret, François; Rageot Emmanuel. Atlas prático de Osteopatia. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004.

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