Método McKenzie


O QUE É O MÉTODO McKENZIE®

Ao contrário do que muitos pensam, o Método McKenzie® não se resume a exercícios de extensão. Na verdade, McKenzie é uma abordagem abrangente da coluna e articulações periféricas, baseada em princípios sólidos, que, quando bem compreendidos e aplicados, levam a um diagnóstico mecânico preciso, que determina o tratamento específico, adequado para cada paciente. De fato, o mais extraordinário, embora menos conhecido, é que o Método McKenzie® é antes de mais nada um sistema de avaliação.

Conheça as três etapas da abordagem McKenzie:

1. Avaliação

Exclusiva do Método McKenzie®, a avaliação mecânica é um algorítimo bem definido que leva a uma classificação simples de distúrbios relacionados com a coluna e extremidades. Ela se baseia em uma relação consistente de causa e efeito verificada, tanto a partir da história do comportamento da dor, quanto da resposta da dor ao teste de movimentos repetidos e posições mantidas. Aplicando uma progressão sistemática de forças mecânicas (causa), o fisioterapeuta utiliza a resposta da dor (efeito) para monitorar as mudanças no movimento e na função. O distúrbio subjacente pode então ser identificado rapidamente através dos achados objetivos do exame de cada paciente.

A resposta sintomática mais comum e significativa é a Centralização, fenômeno em que a dor irradiada, originária da coluna, move progressivamente em direção à linha média da coluna e é eliminada, em resposta à aplicação deliberada de estratégias de carga. Se só estiver presente dor lombar, ela move de uma área mais espalhada para uma área mais central e é então abolida.

A centralização indica que o gerador subjacente da dor é reversível, num processo normalmente rápido, independente de a dor do paciente ser aguda ou crônica ou do rótulo diagnóstico aplicado previamente. A centralização indica a chamada “direção de preferência”, ou seja, aquela em que se deve aplicar o movimento terapêutico. Esse movimento pode ser flexão, extensão, inclinação lateral ou rotação, ou uma combinação desses.

O fenômeno inverso, isto é, o movimento da dor em direção à periferia em resposta à aplicação de carga é chamado Periferilização. A direção que periferiliza a dor é contra-indicada como tratamento. Eventualmente, a Periferilização ocorre com a aplicação de carga em qualquer direção. Isso indentifica um subgrupo de pacientes cujo prognóstico é ruim e abre a porta para uma variedade diferente de testes específicos e outras opções de tratamento. Esse tipo de paciente pode ser identificado em até cinco visitas.

O Diagnóstico Mecânico de McKenzie, determinado a partir da avaliação, classifica os pacientes com apresentações mecânicas similares em subgrupos bem definidos (síndromes) para determinar o tratamento adequado. McKenzie identificou três síndromes mecânicas a que chamou: Síndrome de Desarranjo, Síndrome de Disfunção e Síndrome Postural.

  • Síndrome de Desarranjo – deformação mecânica causada por ruptura anatômica ou deslocamento dentro do segmento do movimento e resultando em dor e limitação funcional
  • Síndrome de Disfunção – deformação mecânica de tecidos moles limitados estruturalmente (cicatriz, fibrose, aderência, encurtamento adaptativo) causando dor e limitação funcional
  • Síndrome Postural – deformação mecânica de tecidos moles normais causada por stress postural prolongado e resultando em dor

Essas três síndromes mecânicas são observadas nas regiões lombar, torácica e cervical da coluna, bem como nas extremidades.

Cada síndrome é abordada de acordo com sua natureza única, com procedimentos mecânicos específicos, utilizando movimentos repetidos e posições mantidas. A Síndrome de Desarranjo, em que o fenômeno da Centralização ocorre, é a mais comum.

Fisioterapeutas bem treinados no Método McKenzie® são capazes de identificar, entre os casos mais difíceis, os pacientes que necessitam de técnicas avançadas de McKenzie e aqueles cujo diagnóstico é de natureza não-mecânica. Estes pacientes são então rapidamente encaminhados para outras opções de tratamento, evitando assim períodos desnecessários de tratamento inadequado.

Frequentemente o gerador da dor é difícil de ser identificado com as modalidades de diagnóstico por imagem. É comum encontrar pacientes sintomáticos com achados pouco elucidativos e, por outro lado, pacientes com achados de anormalidades totalmente assintomáticos. A avaliação mecânica de McKenzie pode ser mais precisa que esses exames. É o que comprovaram Donelson, Aprill, Medcalf & Grant (1997):

“o processo de avaliação McKenzie confiavelmente diferenciou dor discogênica e não-discogênica (P <0.001) bem como anel competente e não-competente (P < 0.042) em discos sintomáticos e foi superior à ressonância magnética na distinção entre discos dolorosos e não-dolorosos.” (cf. seção referências bibliográficas )

2. Tratamento

O tratamento McKenzie compreende a definição, implementação e supervisão das estratégias a serem aplicadas a cada caso específico.

Os achados da história e do exame físico permitem enquadrar o paciente em uma das síndromes mecânicas ou em um diagnóstico não-mecânico. A partir dessa classificação, é definido o princípio de tratamento, ou seja, a direção da força a ser utilizada: flexão, extensão ou lateral. Cada princípio de tratamento é aplicado seguindo uma progressão de forças geradas inicialmente pelo paciente e, se necessário, pelo terapeuta.

A abordagem McKenzie enfatiza a educação e o envolvimento ativo do paciente. O componente educacional dá ao paciente informação sobre o seu problema, de acordo com suas preocupações e necessidades; e sobre o papel que o exercício tem na restauração da função normal. No componente de terapia mecânica ativa, ensina-se ao paciente como fazer os exercícios específicos, as posições e as correções da postura estática e dinâmica que se mostraram, durante a avaliação mecânica, como tendo efeito terapêutico direto. Os pacientes também aprendem a evitar, durante o tratamento, os movimentos, posturas e atividades que claramente pioram a sua condição.

A maioria dos pacientes, quando bem orientada sobre seu problema, pode se tratar com sucesso. Para problemas mais complexos, o autotratamento pode não ser suficiente. Nesse caso, o fisioterapeuta treinado no Método McKenzie® aplica técnicas complementares de terapia manual (mobilização e manipulação) para acelerar o processo de recuperação.

3. Profilaxia

O Diagnóstico Mecânico capacita o fisioterapeuta a desenvolver uma estratégia de tratamento mecânico que visa não apenas a solução dos sintomas atuais do paciente mas também a prevenção a longo prazo da reincidência.

É responsabilidade de todo profissional da saúde fornecer informação que o paciente possa usar para melhorar sua qualidade de vida. É parte essencial do Método McKenzie® educar e estimular o paciente para que ele melhore a habilidade de se cuidar, prevenindo ou diminuindo o número de novos episódios, encurtando sua duração, diminuindo a necessidade de procurar tratamento e de se ausentar do trabalho.

“Pelo menos dez estudos publicados em revistas especializadas mostraram a alta prevalência com que a Centralização ocorre durante a avaliação McKenzie, em 70%-80% dos pacientes com lombalgia aguda e 45-50% dos pacientes com lombalgia crônica. De igual ou maior importância, 5 desses estudos acompanharam os resultados do tratamento e todos relataram que os resultados dos “centralizadores” foram superiores aos daqueles em que nenhuma direção do teste expôs essa resposta da dor, ie, os “não-centralizadores”. Além disso, foi demonstrada a alta confiabilidade na identificação da centralização durante a avaliação do paciente (kappa= 0.823).”

Donelson, R. Letter to the Editor. IN: Spine 2001; 26:1827-29 (cf. seção referências bibliográficas )

Fonte:
http://www.mckenzie.org.br/

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *